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Portas Abertas para Servir
O pior tipo de oxi
Conversa de cadeia
- Vermelho: FOI ARMAÇÃO! VOCÊS PEGARAM O CARA ERRADO! EU TÔ FALANDO! ME TIRA DAQUI!
- Azul: Ih, cara, eles não tão nem aí pra você, mano. Na cadeira ninguém é ninguém. Mas fala aí, porque você foi preso?
- Vermelho: Eu tava andando na Av. Brasil cuidado da minha própria vida, e daí eu tirei 5 e 2. Andei de boa, e parei na esquina pra amarrar os sapatos. Aí já era, quando eu percebi que era a casa de Vá Para a Cadeia era tarde demais. Só ouvi a viatura da polícia chegando. Me tacaram pra dentro da viatura e me jogaram nesse buraco.
- Azul: Pô cara, meus pêsames.
- Vermelho: E você, porque veio parar aqui?
- Azul: O dia tava indo ótimo pra mim. Tinha tirado 3 e 3 e caído numa casa de Sorte ou Revés, e um amigo me pagou 150 reais q ele tava me devendo, cê acredita? Depois, tirei 5 e 5, aproveitei os 150 reais que ele tinha me dado e comprei o Leblon. Mas aí a sorte mudou. Tirei 2 e 2 - eu ia cair bem na casa de Lucros e Dividendos, ganhá 200 pau - mas aconteceu a mesma coisa que você. Apareceu a polícia do nada, e eu vim parar aqui.
- Vermelho: Sacanagem cara.
Qual é o tamanho de uma ideia?
Uma ideia não começa do nada, e uma ideia não termina assim e pronto acabou. Uma ideia surge da mistura de várias outras, de uma situação única ou de uma conversa casual. Uma ideia também não se dissipa no ar e se torna invisível, como se nunca tivesse existido; ao contrário, ela infecta a mente e contagia outras pessoas: inspira novas ideias.
Uma ideia é uma árvore. Começa com algo tão simples como uma semente. Se encontra uma mente fértil, germina. Espalha raízes para buscar neurônios para crescer, forma um caule para se sustentar, e cria folhas para se atentar para influências externas. Qualquer ajuda é válida.
Passa o tempo. A ideia cresce, e vira algo diferente. Algo maior, mais forte, mais importante. O que era bom entrou, o que era ruim ela ignorou. O tronco forte agora é quase impossível de derrubar. As raízes, bem mais profundas, continuam a procurar, procurar. As folhas agora chegam até o céu. E agora essa árvore dá sementes: novas ideias, só procurando terra fértil para se desenvolver.
A pergunta é, que tipo de terra tem dentro da sua cabeça?
O Sonho da Estrada
- SOCOOOOOOORROOOOOOO!
- PARA! PARA! PARA! Para com isso agora!
- Para com isso você! Você mente para mim, me engana, me rouba e agora me sequestra, e não quer que eu reclame? Qual é o seu problema, seu imbecil? O que você tem na cabeça? Eu achei que podia confiar em você! Idiota! - Ela dá um soco no ombro de Sami.
- Você quer só parar de dar chilique por um segundo? Olha à sua volta, sua escandalosa. Olha em volta, e me diz o que isso te lembra.
Ela vira a cabeça, e observa o ambiente. Vê as mesas, as cadeiras, o balcão, o papel de parede alaranjado, um pouco velho e rasgando em algumas partes. Ela olha a grande janela na frente do salão, e reconhece o lugar finalmente. Corre até a janela, e olha para fora, para a estrada de terra. Vê as árvores na beira do caminho, a montanha à direita e a descida à esquerda, e a pequena lagoa lá em baixo. Seus sentimentos de raiva e ódio pelo garoto haviam se transformado em uma bagunça, permeada de tristeza, felicidade, confusão e saudade, quando percebe que estava no mesmo restaurante de tanto tempo atrás.
Dani se vira para ele, incrédula. Seus lábios semi abertos, sua voz sem fala. Seus olhos, meio molhados, abertos mas sem ver. Não acreditava no que estava acontecendo. Seu nariz respirava cada vez mais rápido, devido à emoção.
- É... é...
Sami coloca seu dedo sobre a boca dela, delicadamente.
- É, sim. O Sonho da Estrada.
- Mas isso é impossível.
- E mesmo assim você está aqui.
Sum quod sum
Eu sou o que eu sou. Isso quer dizer que eu não posso ser aquilo que eu não posso ser, mas eu tenho total poder de me tornar aquilo que eu posso ser.
Confuso? Eu simplifico. Tem certas coisas que eu não posso ser. Desenhista, mágico, australiano. Mas também tem coisas que eu posso ser. Formado em biologia, autor de um livro, pai de família. Sum quod sum quer dizer que eu aceito que eu não posso ser, digamos, piloto de Fórmula 1, e também que eu entendo que eu posso ser professor de uma universidade.
Tem coisas que eu posso fazer, e tem coisas que eu não posso fazer. Mas enquanto eu não tentar, eu nunca vou saber.
Mateus
Galáxias? Pra quê?
Itajubá - MG
O Outro
- Existe corrupção. Ela existe, e não é apenas em um ou outro partido. Ela existe em todos os partidos.
- Existem políticos que não são corruptos. Dizer que todo político é corrupto é preconceito. E pior, é abrir mão de um futuro melhor. Porque se todos forem corruptos, nada que a gente faça vai fazer diferença.
- A corrupção pode e tem que acabar. Ela tira o dinheiro de quem merece e dá para quem não merece. Enquanto ela existir, nada vai melhorar. Nós temos o poder para fazer com que ela acabe.
Mais que uma cama macia
Terça-feira Tediosa
Túlio, 30, tomava terebintina, tranquilo. Telefone tocou. Teimoso, tateou. Tocou tafetá, tapete, tábua, tarântula... Tarântula!? Temia tal troço tenebroso. Transtornado, tacou tênis. Tirou. Tarântula torcida, transfixada, trêmula. Tragédia? Talvez.
Tiago tentou trocar. Três trinta três, treze trinta. Tocou, tocou, tocou...
Tamires, "teen", tocava trombone. Tinha talento! Trajava tomara-que-caia tingido, tanga tijolo, tiara turquesa, tamanco. Tentara tuba, teclado, tímpano: terrível. Tocava trombone! Tinha
trofeus, transmitia tonalidades transcedentais.
Tarsila, tia, trazia telefone tocando.
-"Thanks", tia. Tamires Turino, tagalere.
-Tamires? Tem tempo? - Tiago tramava.
-Tenho...
-"Tão tá". Tu tens tomate?
Tomate? Tinha, Tamires tinha tomate.
-Tenho - Tamires tolerava tolos.
-Tens também tangerina?
-Tenho, trapalhão.
- Tens trigo? Torrada? Tapioca?
- Talvez tenha.
- Tens tudo!?
-Tá, tenho.
-Tens também trote.
Tamires tinha temperamento tranquilo. Triunfou tal transgressão. Tirou
tiara, trovejou:
-Telefonema tapado.
What Techers Make, or Objection Overruled, or If things don't work out, you can always go to law school, by Taylor Mali
Dentro
Sociedade. A sociedade é para as pessoas o que um mordomo é para os livros de mistério. Um monte de gente que não sabem realmente o qual é a causa de cada mal que lhes aflige. Não têm conhecimento, interesse ou coragem de apontar o dedo e dizer é você. Você é o culpado do mal. Têm preguiça de pegar a pá e cavar em busca da raíz. Afinal, é muito mais fácil culpar aquilo que todos culpam, aquilo que ninguém sabe realmente o que é. Sociedade. Um conjunto de pessoas reclamando dos problemas que um conjunto de pessoas faz. A roupa suja não se limpa sozinha.
Sociedade. Um monstro de sete cabeças, que pode ser estudado, mas nunca compreendido. De cada ângulo que você olha, uma coisa. Um problema daqui, uma vantagem de lá. A sociedade é como a verdade, ninguém sabe o que ela é.
Talk with Sooyoung, from Korea
Pela janela do quarto, tudo enquadrado
Chamo o elevador. A porta abre, e o ascessorista sem rosto me eleva até o nono andar. Tiro o casaco e me jogo no sofá. Oito e trinta e sete no meu celular. Desligo a televisão após uma rápida sapeada pelos inúmeros canais, casa qual com seu apresentador de botox no rosto e um vazio no peito. De cada cinco canais, seis estavam nos comerciais: dois de cerveja, três de carro e outros dois de pasta de dente. O rádio é ligado. pelo menos não toca funk no rádio, mas o rap é um lixo quase igual. Desliso os dedos pela prateleira e escolho um CD de Milton Nascimento.
Sonho: Novela Mexicana
Fé e razão
Qual a relação entre fé e razão?
Fé e razão não são água e óleo. Podem até brigar de vez em quando, mas no final do dia vão dormir de mãos dadas.
Fé e razão não são motivo para discussão. Fé e razão, juntas, não são mais que uma faceta pouco interessante do indivíduo. Separadas, cada qual é interessantíssima. Cada uma afeta a vida do cidadão por um caminho diferente. Conhecimento, moral, sabedoria, verdade.
Qual é o sentido da vida? Se o seu objetivo nessa Terra for liberdade, poder fazer tudo o que quiser quando bem entender, nenhum desses dois caminhos te levará a ela. A fé te dirá o que não fazer, a razão te dirá por que não fazer. O resultado é o mesmo: você não fará o que vai te fazer mal.
O objetivo máximo na vida é a felicidade. E saber que a felicidade é saber respeitar os limites. Em questão de certo e errado, a fé é a voz da razão. Para chegar a uma conclusão por meio da lógica, você precisa ter alguma experiência a priori. Ou seja, você tem que se ferrar uma vez para não se ferrar mais. A fé te dá uma mãozinha: “cara, não faz isso que você vai se ferrar”.
Tanto fé quanto razão tem um objetivo em comum. Ambas querem descobrir a verdade por trás das coisas, o sentido e a razão de tudo, a resposta para a vida, o universo e tudo mais. Cada uma tem um método diferente. Mas não importa se você acredita que o universo foi criado em 7 dias ou surgiu em uma explosão; se o homem foi criado do barro ou a capacidade neural que temos surgiu através de milênios de mutações. O simples fato de você acreditar em um ou em outro não faz diferença. O que faz diferença é como isso vai afetar a sua vida.
Não é porque um livro te diz que tal coisa é certa ou tal coisa errada que você tem que acreditar piamente nela. Seja esse livro um texto argumentativo da internet ou a Bíblia, é preciso entender que aquilo foi escrito por alguém, para alguém, e por algum motivo. Não é porque as fábulas de Esopo não aconteceram de verdade que elas não podem mudar a vida de alguém. Uma lição de moral pode vir de um livro, um filme ou de uma música.
O mais importante é saber que o jeito de enxergar as coisas muda. Dinossauros não são dragões, a Terra não é o centro do Universo, ratos não brotam de camisas suadas. O que hoje é certo pode ser completamente errado amanhã. Por isso, não vale a pena discutir algumas coisas. Mais vale uma pessoa com um sorriso no rosto do que duas numa discussão.
96 páginas ou 300 giga bytes
Dizem que se o cérebro humano fosse simples o suficiente a ponto de ser entendido, nós seríamos burros demais para poder entendê-lo. Mas mesmo assim, a curiosidade nos impulsiona, nos leva a fazer inúmeras perguntas, mesmo que algumas não tenham resposta.
De onde vem o talento? Como surge a personalidade? Os gostos, as vontades, o QI? Einstein nasceu gênio? Qualquer um pode ganhar o Nobel, ou o Oscar? Um enxadrista pode pintar um quadro, ou um jogador de futebol pode escrever um livro?
Não dá realmente para saber o que faz com que uma pessoa seja diferente da outra. Se as pessoas forem cadernos em branco, o que faz a diferença são as suas experiências. Um caderno vazio pode se transformar em qualquer coisa: um diário, um rascunho para um livro, um caderno de Física ou de Biologia. Cada página em branco tem mil desenhos dentro dela, que só precisam de um pouco de tinta (e um olhar criativo) para se tornarem realidade. Se as pessoas forem cadernos em branco, o que determina o caminho que elas vão seguir são as coisas e pessoas ao redor dela. Uma criança não aprenderia a fazer escolhas se alguém não ensinasse isso para ela.
Todos os computadores saem da fábrica iguais. Um mesmo sistema operacional, que permite que você rode uma série de programas. Mas a partir daí, é o usuário que controla o destino da máquina. Enquanto alguns se contentam com usar o Paint, outros querem o Photoshop. Os escritores usam o Word, os matemáticos usam o Excel, os empresários usam o Power Point. É claro que você pode baixar mais programas – você não pode querer passar a vida inteira sem evoluir – mas eles dependem do sistema básico.
Eu acho que cada um nasce com o seu punhado de sementes. Cada semente é uma coisa: saber dar conselhos, ter talento para trocar algum instrumento, manjar de matemática, ter boa memória, jogar futebol, praticar artes marciais, ler, escrever, desenhar. Essas sementes, essas possibilidades, são parte de quem nós somos. O que fazemos delas é o que define quem vamos ser. Ao longo da vida, essas sementes germinam, e vão gerando cada vez mais frutos. Mas não geram frutos se não estivermos lá para regá-las, adubá-las, protegê-las das pragas.
Todos podem ser poetas. Não é difícil achar duas palavras que rimem e montar alguns versos. Todos podem ser fotógrafos. Segurar firme e apertar um botão é tão rude que chega a ser engraçado ser chamado de vocação. Mas o que faz a diferença é a beleza, é a qualidade do produto. Esforço raramente substituí talento, e o talento é inato.
Se você não pode ter o dom que ama, ame o dom que tem. Não desperdice uma bela voz por que você acha que seria mais fácil escondê-la atrás da timidez. Um dom é um presente, que deve ser protegido e incentivado, que tem que ser usado da melhor maneira possível.
Um caderno tem o limite de 96 páginas, o computador tem o limite de 300 giga bytes. Se for para escolher, prefiro ser um computador.
Grãos de areia
Olhe bem a sua volta. O que você vê? Um quarto, uma sala, um bar, uma biblioteca, um shopping. Quantas vezes você é menor do que esse ambiente? Muitas, provavelmente, principalmente se você for claustrofóbico. Pense quantas vezes o seu quarto é menor do que a sua casa. Quantas vezes a sua casa é menor do que a sua rua. Quantas vezes a sua rua é menor do que o seu bairro, que é menor que a sua cidade, que é menor do que o seu estado, que é menor do que o seu país, que é menor do que o seu planeta.
Nem tudo
- O que você está fazendo?
-Nada! - respondeu, gritando – porque nada disso faz a menor diferença!
Peguei dois livros do chão e os recoloquei na estante.
-Como assim, não faz diferença?
-Não faz! Não importa o que eu faça - disse, visivelmente transtornado, falando cada vez mais alto –porque no final vai dar tudo na mesma.
- Deixa de bobeira e me ajuda a arrumar essa bagunça.
- Não! – gritou, arremessando uma almofada que não me acertou por centímetros – Você não entende, não é? Nada disso é real. Nada. Nada...
Ele olhava em volta, parecendo cansado, inconformado, como um animal encurralado, tentando encontrar uma rota de fuga.
-É lógico que é real!
-Não é, não é, não é!
- Deixa de ser bobo.
- Bobo? Bobo? – Ele gritava cada vez mais alto, beirando o pânico, me fitando com os olhos transbordando de fúria, não de mim, mas do mundo. – É, eu acho que eu sou bobo sim. Eu tenho que ser muito bobo pra ter acreditado em todas as mentiras que já me contaram.
- Mentiras? Mentiras que quem contou para você?
- Quem, ora essa, quem. – Lourenço debochava de mim, sem sair do lugar. Naquele local ele estava seguro, dentro de sua bolha de medo. Se se mexesse, suas defesas cairiam. – Todo mundo! Todas as pessoas dessa droga de mundo! Os professores, os vendedores, os parentes, os colegas de trabalho. Todas as pessoas que cruzam a rua sem fazer a menor diferença. Para que elas passam? Quer saber, não responda. Cada resposta é apenas mais uma mentira.
-Lu...
- E a televisão é a pior mentira de todas. Canal depois de canal, cada um com mais mentiras do que o outro. Todas as pessoas da televisão estão lá para mentir para nós. Elas ganham a vida mentindo! Mentindo!
Só então reparei na televisão, que costumava ficar em cima de uma mesa, derrubada no chão, cercada de cacos de vidro. O metal parecia ter sido socado uma ou duas vezes.
-Eu não entendo...
- É lógico que não entende. De todas as pessoas, porque você entenderia? Não responda. Mas você sabe que é verdade. No fundo, você concorda com todas as coisas que eu disse. Você sabe, você sempre soube. Mas a gente esquece. Eles fazem a gente se esquecer da verdade, sufocam-na com mentiras. Eles escondem a única verdade. A única verdade, é que todo o resto é mentira.
- Lu, olha pra mim. – Me aproximei dele, e segurei suas mãos. Os punhos cerrados se soltaram um pouco, mas a cara continuava franzida. Olhei bem em seus olhos, esfregando as mãos com os polegares. – Esqueça todo o resto. Esqueça, por um momento, todas as outras coisas. Você pode fazer isso, por mim?
Ele olhava para mim, com os olhos cansados, e o rosto já um pouco mais calmo. Dessa vez, quem não entendia era ele.
- Posso – disse, depois de um tempo.
- Feche os olhos.
- Tudo bem.
- Você sente as minhas mãos?
- Que tipo de pergunta é essa?
- Feche os olhos. Apenas responda. Você sente as minhas mãos, nesse exato momento?
- Sim, é claro.
- Você consegue – dizia calmamente – ouvir a minha voz? Esqueça o barulho dos carros na rua, esqueça os pássaros cantando. Você consegue ouvir a minha voz?
- Sim, eu consigo.
Coloquei a mão direita dele em meu peito, sobre o coração.
- Você consegue sentir as batidas do meu coração?
- Sim.
Ele estava bem mais calmo. Me aproximei dele e dei um beijo em sua boca.
- E isso, você sentiu?
- Sim.
- Abra os olhos.
Abriu os olhos devagar, com o olhar de um soldado depois de um longo dia de batalha, feliz com o descanso. Estavam meio molhados.
- Escute. Não importa se não for verdade. Não importa se o mundo for feito de mentiras mal contadas. Não faz diferença se o jornal traz notícias boas ou ruins, se os pássaros cantam ou não, se os professores só mandam a gente decorar mentiras. Eu estou aqui, e você está aqui. Eu te amo, e é só isso que importa. Tá bom?
Ele ficou um ou dois minutos em silêncio, só olhando para mim.
- Eu também te amo.
- Agora o que você me diz de arrumar essa bagunça?
Depois de duas ou três guerras de travesseiro, o quarto estava como antes, com exceção à televisão. Nós dois concordamos que a gente estava precisando ler mais.
Pataxós
Habitam seis núcleos de povoamento:
- Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, a sul do município de Porto Seguro.
- Terra Indígena Imbiriba, em Porto Seguro.
- Terra Indígena Coroa Vermelha, tanto nos municípios de Santa Cruz de Cabrália quanto em Porto Seguro.
- Terra Indígena Aldeia Velha, no município de Porto Seguro.
- Terra Indígena Mata Medonha, ao norte de Santa Cruz de Cabrália.
- Terra Indígena Comexatiba, no município do Prado.
A língua originalmente falada pelos Pataxó não é mais utilizada, tendo sido substituída pelo português. Há algumas palavras emprestadas da tribo Macaxalí, do norte de Minas Gerais, e os índios tendem a reconhecer o Maxacalí como a própria língua. Não há mais a prática de rituais indígenas, e as festas se confundem com o calendário católico da região, onde os índios comemoram as festas de N. Sra. da Conceição e São Sebastião. O posto indígena mantém uma escola que ensina da 4a série até o 1o grau, onde o ensino é o padrão, ignorando as características culturais do povo pataxó.
O território Pataxó se localiza entre as embocaduras dos rios Caraíva e Corumbáu, e é uma área litorâmea com mangues e terrenos arenosos junto à costa, e campos e florestas nas áreas mais interiores.
Os pataxó viviam originalmente em bandos, entre os rios João Tiba e São Mateus ao sul, e Pardo e Contas, ao norte, convivendo com diversas outras etnias.
O Parque Nacional de Monte Pascoal, localizado na cidade de Porto Seguro, é o primeiro lugar do continente avistado pelos portugueses. Atualmente, é uma Unidade de Conservação que reúne diversos ecossistemas, como floresta, restinga, mangue e praia. Possue 22.500ha de área, dos quais apenas 8.720 são destinados aos Pataxós. ALém de ser uma área pequena para as necessidades da tribo, a maior parte dessa área é composta por terrenos impróprios para a agricultura, como brejos.
As atividades econômicas básicas da tribo são a agricultura, a coleta animal e vegetal, a pesca e a caça. Há também a extração vegetal de piaçava e madeira e atividades comerciais. Os principais produtos agrícolas são a mandioca, a cana de açúcar, o milho, o arroz e o feijão. A coleta animal trata-se da extração de crustáceos e mariscos nos mangues. A produção artesanal tem se desenvolvido rapidamente, e está se tornando o principal meio de relação dos Pataxó com o mercado nacional.
A organização social é feita em famílias de cerca de seis pessoas, onde as crianças participam desde cedo das atividades domésticas. A divisão social do trabalho é pouco rígida, mas as atividades que exigem maior esforço são predominantemente masculinas. As tarefas mais complicadas sçai realizadas de forma cooperativa.
O cacique é o representante político do seu povo, servindo de intermediário entre os índios e o resto da sociedade, principalmente a FUNAI. O seu papel na aldeia é exercido com apoio dos chefes das famílias.
- Wikipédia, a Enciclopédia Livre: Pataxó
- Ministério da Justiça do Brasil: FUNAI - Pataxó
- Ibama: Parque Nacional de Monte Pascoal
Coleta Seletiva em Itajubá - ACIMAR
Sonho: Megastore, Thoska e Fantasia
Perfeito faremos direito o nó
Uma horinha apertado no ônibus, compatilhando o corredor com mochilas e caixas de patrulha, cantando músicas bobinhas, a maioria desconhecida para mim. O ônibus para. Uma porteira com três faixas coloridas marcam a entrada.
É sempre incrível chegar num lugar novo. Dá vontade de simplesmente sair correndo, sentir o vento na cara e os cheiros do lugar. Ir correndo, sem olhar para trás, sem se importar se os outros olham para você com desaprovação ou correm atrás. Infelizmente, a caixa de patrulha não deixou eu realmente sair correndo de uma vez. Não faz mal. Empilhamos as mochilas num canto, e eu não paro de olhar para os lados, ouvindo o som da correnteza ao longe.
Eu estou no meio do nada, me lembro de ter pensado. Todos os meus colegas estão em casam provavelmente dormindo, e eu aqui no meio do nada. Chega a ser engraçado. Acordei às 6 horas num feriado, pra ficar uma hora apertado em um ônibus e vir parar no meio do nada. Mas aí eu percebi que aquilo não era o meio do nada. Aquilo era o meu tudo. As montanhas, o céu azul, as árvores, a grama plana e uniforme. É assim que devia ser. A cidade é desnecessária. Isso aqui é que é real. O seu meio do nada é o meu centro de tudo. Cara, esses três dias vão ser perfeitos.
O primeiro dia foi de trabalho cansativo. Um trabalho que a maioria das pessoas passaria a vida sem saber que era cabível fazer: construir os banheiros. Duas escavadeiras, uma para a latrina e uma para cavar os buracos dos bambus; um esqueminha de onde colocar os bambus, sisal e toldo para as paredes. O resto, a gente tinha que se virar. "Sênior tem que ralar", foi o que me disseram. Bom, pode até ter demorado, mas até o fim do dia os dois estavam prontos. E quando a gente finalmente achou que ia ter um descanso, fomos montar as barracas.
Acabamos de montar as barracas, já tinha anoitecido e eu não tinha tomado banho. Se lavar num chuveiro improvisado com água de mina no frio já é complicado, ainda mais se tá de noite e vc tem que ficar procurando o sabonete no barro toda vez que você deixa ele cair. Mas no segundo dia eu já tava esperto: tomar banho bem antes do sol se por.
Eu passo pela ponte perto da escola, e nunca deixo de olhar para o horizonte. Cada dia o pôr do sol está mais bonito. Mas eu nunca imaginava que aquele rio barrento poderia me trazer tanta diversão, até o acampamento nos Freires. Só de ver a correnteza leve já era uma delícia, subir o rio foi ainda melhor. Foi difícil, sim, e complicado. Ficamos um bom tempo parados tentando descobrir como avançar (ainda bem que levamos a corda). Depois, um treinamento de orientação em cima de uma pedra. Tivemos que falar alto por causa do barulho da correnteza, mas deu para entender bem. Voltamos encharcados.
No terceiro dia, montamos o campo ao redor das barracas. De novo, nada além de vagas instruções do chefe, bambus que havíamos cortado no dia anterior, uma escavadeira (a outra tinha quebrado), um facão, uma marreta e bastante sisal. Depois de firmados os bambus, passamos sisal por eles (fazendo um X para ficar mais original), erguemos o portal (bem simples também) e a bandeira do ramo sênior (sem a flor de lís, só um pano roxo mesmo). O triste foi no final do dia, quando tivemos que, em 10 minutos, desmontar o que levamos algumas horas para concluir.
Os dias foram cansativos, e se você pensa que à noite nós dormimos cedo para uma boa noite de sono, não poderia estar mais enganado. Primeiro, porque seria impossível ir dormir sem dar uma boa olhada no céu estrelado e todo o firmamento sorrindo para você. No primeiro dia eu vi duas estrelas cadentes e um satélite, e no segundo, um outro satélite.
Mais tarde, depois da janta, fomos para uma caminhada noturna. Um pequeno trecho da estrada de terra, e depois entre dois pastos, até que nós chegamos numa ponte. Uma ponte que mal dava para uma pessoa, feita de cabo de aço e duas tábuas para pisar, uma do lado da outra. Até aí tudo bem, até a parte em que não tinha tábua de um lado e a ponte virava quase 45º - e o melhor: os chefes nunca tinham passado por ela antes. A primeira vez era aquela, de noite. Depois de atravessado o rio, subimos uma montanha para localizar o cruzeiro do Sul e passarmos o significado do nome (ele sempre fica no sul) para o resto da seção.
No último dia, entramos na água gelada. Alguns ficaram na hidromassagem natural criada pelas pedras, outros fizeram um castelo de areia numa ilhazinha no meio do rio. Uma lobinha pegou umas pedras verdes, bonitas, e outro lobinho foi enterrado na praia. Eu preferi ficar boiando, sendo levado pela correnteza, e depois repetir o processo. Mais tarde, saímos na margem do rio, e eu sozinho enchi um saco de lixo com garrafas PET, inseticidas, garrafas de óleo, arames, isopores e outras tralhas.
O Fogo de Conselho foi perfeito. Depois as esquetes, a canção da despedida. Não sabia cantar, mas deu para entender o espírito. Eu acho que sabia que não seria mais o mesmo depois daquele acampamento.
No último dia, corremos sem precisar. Mal acordamos, já fomos arrumar as mochilas, desmontar as barracas, derrubar os banheiros, tampar as latrinas e recolher os toldos (que quase não couberam na caixa de patrulha). O ônibus demorou, mas antes ele estar atrasado e termos que esperar uns 20 minutos do que adiantado e termos que esperar algumas horas até o próximo. A volta também foi recheada de músicas, dessa vez eu já conhecia algumas.
Não sei se existe esse termo, mas eu acho que no dia da volta - a Páscoa - eu devo ter ficado com um pouco de DPA - Depressão Pós-Acampamento - mas passou logo. Se o acampamento foi bom, voltar para a casa para a família foi tão bom quanto.
Pra que perder a esperança, se há tanto querer?
Bem cedo junto ao fogo tornaremos a nos ver.
ACIMAR - Conta rápida
Eu Sou Consciente
- Problemas na paisagem da sua cidade (29/03)
- Leis e medidas para diminuição do impacto ambiental do Brasil e do mundo (10/04)
- Pesquisa da coleta seletiva da sua cidade (10/04)
- Pesquisa em lojas sobre a distribuição de sacolas plásticas (25/04)
- Apresentação e medidas para conscientização por gráficos (25/04)
Info sobre índios
- Potiguara
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- Pataxó - BA
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- Sabanê - PB
- Teréna - SP
- Tupinikin - ES
- Tuxá - BA
- Xikrin - PA
- Xokléng - SC
- Região Sul: Tupi e Jê.
- Sudeste: Tupi e Grupos Isolados
- Nordeste: Cariri, Tupi e Grupos Isolados
- Norte: Cariba, Aruaque, Tupi, Jê, Pano e Grupos Isolados.
- Centro-Oeste: Aruaque, Jê, Tupi, Cariba e Grupos Isolados.
Imagens da Estátua de Zeus
- http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/sete-maravilhas-do-mundo-antigo/estatua-de-zeus.php
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Plantas medicinais
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Que Ana? Que onda?
A proposta dessa redação de Filosofia era "O ser humano é como uma onda no mar?"
Mateus Silva Figueiredo
Cada pessoa que olha para o mar vê uma coisa. Alguns vêem o oceano, alguns vêem a praia, alguns vêem os pássaros e outros vêem os peixes. Alguns vêem conchas para colecionar, outros vêem fotos para tirar. Enquanto uns vêem as ondas para surfar e se divertir, outros vêem a maré para pescar e ganhar a vida.
O mesmo mar que encanta é o mar que destrói. O mar diverte, o mar relaxa, o mar hipnotiza, mas ele não deixa de ser o mesmo mar que aterroriza e que causa devastação. O mar afoga os mais descuidados, destrói os castelos de areia mais próximos da água, derruba diques e dizima cidades. A mesma onda que faz cócegas nos pés descalços do casal de namoradas pode ter feito alguém passar mal em alto mar e vomitar.
As pessoas também são assim, ambíguas. Todas as pessoas têm um lado obscuro, um passado que gostariam de esconder. Todos nós erramos, todos nós mentimos, todos nós fazemos escolhas ruins, e muitas vezes nos arrependemos logo depois. Cada pessoa é a coisa mais importante para si mesmo, mas não é quase nada para todas as outras. Você cruza com milhares de pessoas na rua, mas raramente olha duas vezes para qualquer uma delas. Cada uma é única, especial, diferente de todas as outras. Mas, no meio de tantos indivíduos, ficam todos iguais. Você se mistura na multidão e se torna apenas mais um.
Qual é a diferença entre uma onda e outra? São tantas mil no oceano, porque alguma delas deveria ser especial? Se você olha de cima, nenhuma faz diferença. Mas se você é o menino que estava brincando na água, aquela onda importa. Adrenalina, desequilíbrio, susto, medo, e depois o riso. Aquela onda causou diversão em você. Se você é o caranguejo que passeava na praia, aquela onda importa, e se você é o albatroz que ia mergulhar e devorar aquele caranguejo, aquela onda importa. Aquela onda foi, ao mesmo tempo, a salvação de um e o empecilho de outro.
Do mesmo jeito, se você olhar de cima, poucas das quase 7 bilhões de pessoas realmente importa. Mas se você é o amigo que sai todos os dias para se divertir, ou se você é o colega que faz brincadeiras maldosas, você faz a diferença. Se você é o cachorro que recebe carinho de alguém, esse alguém é importante, e se você é a árvore que foi plantada por alguém, esse alguém é importante. Mas se você mora do outro lado do mundo, ou mesmo se você cruza na rua com essa pessoa e nem sorri na direção dela, você não faz diferença.
As ondas surgem em alto mar, forjadas com o sopro de uma tempestade, e caminham em sua rota em direção a praia. As pessoas nascem, sejam elas fruto de um casamento amoroso, de uma imprudência adolescente ou de uma solteirona de quarenta anos. As ondas ganham dimensão, ficando cada vez maiores, e consequentemente, mais poderosas. As pessoas crescem, vão ficando mais sábias, mais ricas, e também mais velhas. As ondas, já tão grandes quanto poderiam ficar, chegam finalmente à praia; quebram no litoral e cumprem então finalmente o seu destino, o motivo da sua existência. As pessoas, já tão ricas e sábias quanto poderiam ficar, chegam finalmente ao fim de suas vidas, deixando suas riquezas acumuladas para seus herdeiros, e sem saber verdadeiramente se aproveitaram realmente a vida como deveriam.
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