No último Ocupa Praça, realizado pelo Basta Itajubá na praça do Carneiro Júnior, tivemos a palestra de Wernner e Fulvio, ambos do Coletivo Pouso Alegre. Entre outros assuntos, eles enfatizaram a importância de estudar e entender como funciona a política.
A política, como tudo, tem regras. E é preciso entender como essas regras funcionam para poder participar dela. Desnecessário falar da importância da política nas nossas vidas - afinal, são os políticos eleitos que decidem como e onde vai ser gasto o nosso dinheiro e quais leis serão criadas e mantidas. É preciso entender que regras são essas para poder denunciar quando alguém não está seguindo essas regras. É preciso aprender a jogar o jogo da política para fazer valer os nossos interesses como população.
Mas porque é tão importante entender essas regras da política? Imagine que você assista uma propaganda de um restaurante fast food que te incomoda, e você vai até um desses restaurantes reclamar para o funcionário que trabalha no caixa. O funcionário vai rir da sua cara, porque a propaganda não tem nada a ver com ele, e ele não pode fazer nada para mudá-la. É mais ou menos o que acontece em alguns setores da política. Não adianta reclamar para o governo municipal que um trecho de rodovia federal está com buracos. E também não adianta xingar o governo federal porque os ensinos fundamental e médio estão em mau estado, porque eles são responsabilidade do governo municipal e estadual. É preciso entender como funciona a política para identificar quem são os agentes responsáveis pela saúde, educação e obras, e poder cobrar das pessoas certas aquilo que é da sua responsabilidade.
Existem vários setores da sociedade que já entendem como funciona a política, e a utilizam para defender seus interesses. Um desses setores são os grandes produtores rurais do país, que têm uma grande representatividade no legislativo, com seus inúmeros deputados federais, senadores e deputados estaduais, e com isso conseguem que diversos projetos de lei que os beneficiam sejam aprovados. Outro setor, bem diferente, é o movimento hip hop em Pouso Alegre, que tem o seu representante na câmara dos vereadores da cidade. Os grupos sociais que integram esse movimento cultural, como os skatistas, breakers e rappers, uniram forças e conseguiram colocar um vereador na câmara. A partir de então, esse vereador eleito passou a defender os interesses do grupo que havia o colocado ali, e os cidadãos desse movimento passaram a ser ouvidos. Conseguiram reformar a pista de skate municipal, criaram um Fórum do Hip Hop em Pouso Alegre, e estão perto de instituir a Semana do Hip Hop na cidade.
Não há nada de errado em ter o seu representante no governo. Tanto a bancada ruralista como o vereador hip hop chegaram ao poder legalmente, através das eleições. O que realmente importa é o que esses representantes fazem com o poder, e quando apenas um lado da sociedade é ouvido e o outro ignorado é que ocorrem as distorções e as injustiças. A balança começa a pesar apenas para um lado, e o outro lado, que muitas vezes é quem mais sofre na sociedade, sai prejudicado. Por isso é importante ter várias vozes de diferentes origens dentro das câmaras - para evitar essas distorções, ou ao menos amenizá-las, e garantir a todos o direito de ser ouvido.
É preciso se envolver com política, é preciso colocar pessoas que te representem no poder, e é preciso mostrar para esses representantes o que pensamos sobre determinados assuntos, pois só assim eles poderão de fato nos representar. Muitas vezes, projetos que desagradam e até prejudicam a população em geral são aprovados porque a população não usou a sua voz. Mas não adianta cobrar do prefeito o que é dever da câmara dos vereadores. É necessário estudar e aprender como funciona o sistema para saber direcionar as críticas e as reclamações, e para que o sistema passe a trabalhar para nós, os cidadãos. E além de apenas atacar e impedir projetos ruins, é importante propor e apoiar os projetos bons, cobrando melhorias e questionando o que não está certo, trabalhando para uma realidade cada vez mais justa para todos.
Mateus S. Figueiredo
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