Resumo |
Uma das dificuldades no ensino de
Ciências é o aluno não conseguir relacionar a teoria apresentada em sala
com a sua realidade. Para Paulo Freire, para compreender a teoria é
preciso experienciá-la e é nesse contexto que a realização de aulas
práticas se torna uma importante estratégia, apresentando a relação
indissociável entre teoria e prática. O desenvolvimento de aulas
práticas, idealmente, se dá em um laboratório, mas é possível
realizá-las de maneira eficaz mesmo com poucos recursos. O ensino
público, muitas vezes, carece de investimento, inclusive no que diz
respeito a laboratórios didáticos. Essa realidade é vivenciada pela
Escola Municipal Dr. Arthur Bernardes, Viçosa – MG, contemplada pelo
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) - UFV.
Tendo em vista essa realidade, os pibidianos de Biologia,
recém-ingressos no programa, decidiram ministrar suas primeiras aulas
utilizando as modalidades didáticas ‘aula prática’ e ‘aula
demonstrativa’ para as turmas do 7º e 9º ano do Ensino Fundamental. Com
elas, os bolsistas pretendiam facilitar o aprendizado de Ciências,
aproximando o conhecimento científico da realidade do aluno e evidenciar
que a falta de recursos não precisa ser um empecilho para a realização
de aulas práticas e/ou demonstrativas. Os pibidianos prepararam as aulas
de maneira a se adequar à falta do laboratório e de recursos
laboratoriais, utilizando a abordagem construtivista, em que o
conhecimento prévio do aluno é considerado como ponto de partida para a
construção de novos saberes, valorizando a participação ativa de todos
os sujeitos envolvidos. As aulas práticas e demonstrativas ministradas
no 7º ano foram sobre ‘transporte de substâncias no caule das plantas’ e
‘a ação de microrganismos e a conservação dos alimentos’. No 9º ano
foram trabalhadas ‘misturas homogêneas e heterogêneas e os métodos de
separação das mesmas’ e ‘os conceitos de condução elétrica’ relacionadas
ao cotidiano dos alunos. Por meio da participação ativa dos alunos e
das perguntas e comentários feitos por eles durante a experimentação,
ficou evidente a melhor compreensão de conceitos científicos. Foi
observada, também, a capacidade dos jovens de formularem hipóteses,
revelando o cientista em potencial. Entretanto, é importante salientar
que, por mais interessante que seja realizar experiências fazendo uso de
materiais alternativos, a aula prática, em muitos casos, torna-se o
único meio que o aluno estabelece com o ambiente laboratorial, tendo um
maior impacto. A realização das aulas utilizando espaço e recursos
alternativos foi importante para desconstruir o conceito elitista de
Ciência – complicada, cara, feita por adultos e dentro de um
laboratório. A ciência experimental é de fácil acesso e pode ser levada
para dentro da sala e para o contexto do aluno, salientando que o
sujeito cientista está presente, também, dentro da criança que é capaz
de pensar de maneira científica, tendo curiosidade e formulando suas
próprias hipóteses. |
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