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O Ovo


Escrito por Andy Weir
Traduzido por Carlos Buosi, com pequenas adaptações minhas

Você estava a caminho de casa quando morreu.
Foi em um acidente de carro. Nada muito chamativo, mas infelizmente fatal. Você deixou sua esposa e duas crianças. Foi uma morte sem dor. Os paramédicos tentaram de tudo para te salvar, mas em vão. Seu corpo foi completamente destruído, você já esteve melhor, pode acreditar.
E foi aí que você me conheceu.
"O que-... o que aconteceu?" Você perguntou. "Onde estou?"
"Você morreu," eu disse, com naturalidade. Não fazia sentido conter as palavras.
"Havia um caminhão... e ele derrapou.."
"Isso mesmo," eu disse.
"Eu... Eu morri?"
"É. Mas não se sinta mal. Todo mundo morre," Eu disse.
Você olhou em volta. Não havia nada. Só eu e você. "Que lugar é esse?" Você perguntou. "Isso é o paraíso?"
"Mais ou menos," eu disse.
"Você é Deus?" Você perguntou.
"É isso ai," Respondi. "Eu sou Deus."
"Meus filhos... minha mulher," você disse.
"O que tem eles?"
"Eles ficarão bem?"
"É isso que eu gosto de ver," eu disse. "Você acabou de morrer e sua maior preocupação é a sua família. Isso é mesmo uma coisa boa."
Você olhou pra mim com um certo fascínio. Pra você, eu não parecia com Deus. Eu aparentava ser um homem qualquer. Ou uma mulher. Uma figura autoritária meio vaga, talvez. Mais como um professor de português do que o Todo Poderoso.

Humano de menos

Você é humano, droga! Você é um ser humano! Você sabe o que isso significa? Isso significa que você não é uma pedra. Você não é uma planta. Você não é um prédio, um pedaço de papel ou um cavalo. Você é um ser humano! Você tem um cérebro capaz de compreender o universo, e mãos capazes de torná-lo mais belo.
Você tem pernas para andar, correr, pular, brincar. Você tem olhos para ver as coisas como elas são e ouvidos para ouvir o que está acontecendo, e uma boca para falar como você acha que elas deveriam ser.

Você é um ser humano, droga! Não é um tapete para os outros limparem o pé. Não é uma lixeira para receber qualquer coisa que atirem em você. Não é um cão para obedecer cegamente qualquer ordem que gritem para você. Você é muito mais do que isso. Você tem a capacidade de transformar o ambiente em que você vive.

Você é um ser humano, droga! Você pode fazer arte! Uma pintura, um poema, um desenho rabiscado nas margens de uma revista ou no verso do extrato do banco. Você pode ler um livro, assistir um filme, ir para um lugar onde você nunca foi antes. Transformar desconhecidos em amigos! Fazer a vida virar uma coisa que vale a pena ser vivida!

Você é um ser humano, droga! Seja criado à imagem e semelhança de Deus ou no cume da evolução, você é mais do que um monte de átomos de carbono organizados belamente. Você tem capacidades que vão além do que você imagina. Mas você também tem um tempo para descobrir quais são essas capacidades. Então não desperdice o seu tempo fazendo as mesmas coisas sem graça dia após dia.

Você é um ser humano, droga! Você pode muito mais do que isso.

O caso dos brigadeiros

Esse texto é sobre uma das memórias mais tristes da minha infância, um dos momentos em que eu fui mais injustiçado em toda a minha vida. E o pior é que aconteceu em uma festa de aniversário.

Dizem que festas de aniversário são momentos felizes em que amigos e família se reúnem para celebrar a vida da pessoa aniversariante. Só dizem, porque em todo aniversário, sempre dá alguma coisa errada. Basta reunir um grupo suficientemente grande de pessoas que se conheçam e, invariavelmente, algo vai sair completamente oposto ao planejado. E quando é festa de criança é ainda pior, porque quando uma começa a chorar, desencadeia-se uma avalanche. Sempre dá alguma coisa errada. Sempre.
Esse triste fato em particular se passou em uma tarde gostosa na escola. Era aniversário de algum dos meus tantos colegas que eu não me lembro nem do nome nem da cara. Tinha aquela mesa cheia de brigadeiros convidativos, deliciosos. Mas, é claro, tinha que esperar até depois do parabéns. Maldita proibição do parabéns.
Depois de assoprar as velinhas, aquela muvuca. Pega bolo, pega doce, pega bala. Então eis que me ocorre uma ideia genial. Se eu pegar apenas um brigadeiro, eu não vou sair de perto da mesa. Vou continuar aqui fazendo parte dessa bagunça, e atrapalhando as outras pessoas. Agora, se eu pegar uns três ou quatro brigadeiros (doces que eu iria pegar de uma maneira ou de outra) eu posso sair de perto da mesa e me deliciar em paz, enquanto eu deixo outras pessoas pegarem bolo e doce. Perfeito.
Coloco o plano altruísta em execução. Estendo a palma da mão e coloco dois pares de doces nela. Mal eu ia sair da mesa, ouço o pito inquisidor: “Mateus, que coisa feia! Não pode pegar tantos brigadeiros, tem que pegar um de cada vez! Pode devolver esses aí e sentar na mesa.”
Nunca me senti tão injustiçado. Nesse ponto minha memória se turva. Não lembro se tentei explicar minha lógica infalível para a professora de mente fechada, ou se simplesmente obedeci à ditadora como um peão sem livre-arbítrio. Só sei que, olhando para trás, me contento em saber que era uma criança inteligente com ideias originais.

No céu

-Mas... isso aqui não tem nada a ver com o que me falaram na igreja...
-É, eu sei - disse Deus. - Eu fiz todas as religiões serem mais ou menos erradas. Uma tem uns probleminhas aqui, outra tá ruim dali...
-Hum... E porquê?
-Porque sempre ia ter alguém que iria discordar dos outros. Se eu fizesse uma religião certa, todas as outras seriam erradas, e não ia dar certo. Quando vocês viessem pra cá ia dar muita discussão. Então eu fiz todas erradas.
-Mas isso não é ruim?
-De maneira alguma. No final, dá tudo na mesma. Ajudar o próximo, ser bom, blá blá blá. Sempre a mesma ladainha. Só que cada um precisa de um incentivo diferente.
-Saquei.
-Em alguns casos nem é uma promessa de uma praia do Caribe. Eles tem uma epifania só de ler Harry Potter!
-Jura?
-É! E alguns nem precisam de incentivo, sabe, ou nem adiantaria dar incentivo, porque eles iriam ignorar. E é até melhor, porque aí eles servem de exemplo pros outros pensarem e respeitarem.
-Interessante... - disse o homem, espantado com tudo aquilo - mas, vem cá, quando eu ganho as minhas asas?
-Ih, rapaz, você tem muito o que aprender ainda.

Conversa de cadeia

  • Vermelho: FOI ARMAÇÃO! VOCÊS PEGARAM O CARA ERRADO! EU TÔ FALANDO! ME TIRA DAQUI!
  • Azul: Ih, cara, eles não tão nem aí pra você, mano. Na cadeira ninguém é ninguém. Mas fala aí, porque você foi preso?
  • Vermelho: Eu tava andando na Av. Brasil cuidado da minha própria vida, e daí eu tirei 5 e 2. Andei de boa, e parei na esquina pra amarrar os sapatos. Aí já era, quando eu percebi que era a casa de Vá Para a Cadeia era tarde demais. Só ouvi a viatura da polícia chegando. Me tacaram pra dentro da viatura e me jogaram nesse buraco.
  • Azul: Pô cara, meus pêsames.
  • Vermelho: E você, porque veio parar aqui?
  • Azul: O dia tava indo ótimo pra mim. Tinha tirado 3 e 3 e caído numa casa de Sorte ou Revés, e um amigo me pagou 150 reais q ele tava me devendo, cê acredita? Depois, tirei 5 e 5, aproveitei os 150 reais que ele tinha me dado e comprei o Leblon. Mas aí a sorte mudou. Tirei 2 e 2 - eu ia cair bem na casa de Lucros e Dividendos, ganhá 200 pau - mas aconteceu a mesma coisa que você. Apareceu a polícia do nada, e eu vim parar aqui.
  • Vermelho: Sacanagem cara.

Qual é o tamanho de uma ideia?

Uma ideia não começa do nada, e uma ideia não termina assim e pronto acabou. Uma ideia surge da mistura de várias outras, de uma situação única ou de uma conversa casual. Uma ideia também não se dissipa no ar e se torna invisível, como se nunca tivesse existido; ao contrário, ela infecta a mente e contagia outras pessoas: inspira novas ideias.

Uma ideia é uma árvore. Começa com algo tão simples como uma semente. Se encontra uma mente fértil, germina. Espalha raízes para buscar neurônios para crescer, forma um caule para se sustentar, e cria folhas para se atentar para influências externas. Qualquer ajuda é válida.

Passa o tempo. A ideia cresce, e vira algo diferente. Algo maior, mais forte, mais importante. O que era bom entrou, o que era ruim ela ignorou. O tronco forte agora é quase impossível de derrubar. As raízes, bem mais profundas, continuam a procurar, procurar. As folhas agora chegam até o céu. E agora essa árvore dá sementes: novas ideias, só procurando terra fértil para se desenvolver.

A pergunta é, que tipo de terra tem dentro da sua cabeça?

O Sonho da Estrada

Mateus Figueiredo
Respirou fundo e gritou.
- SOCOOOOOOORROOOOOOO!
- PARA! PARA! PARA! Para com isso agora!
- Para com isso você! Você mente para mim, me engana, me rouba e agora me sequestra, e não quer que eu reclame? Qual é o seu problema, seu imbecil? O que você tem na cabeça? Eu achei que podia confiar em você! Idiota! - Ela dá um soco no ombro de Sami.
- Você quer só parar de dar chilique por um segundo? Olha à sua volta, sua escandalosa. Olha em volta, e me diz o que isso te lembra.
Ela vira a cabeça, e observa o ambiente. Vê as mesas, as cadeiras, o balcão, o papel de parede alaranjado, um pouco velho e rasgando em algumas partes. Ela olha a grande janela na frente do salão, e reconhece o lugar finalmente. Corre até a janela, e olha para fora, para a estrada de terra. Vê as árvores na beira do caminho, a montanha à direita e a descida à esquerda, e a pequena lagoa lá em baixo. Seus sentimentos de raiva e ódio pelo garoto haviam se transformado em uma bagunça, permeada de tristeza, felicidade, confusão e saudade, quando percebe que estava no mesmo restaurante de tanto tempo atrás.
Dani se vira para ele, incrédula. Seus lábios semi abertos, sua voz sem fala. Seus olhos, meio molhados, abertos mas sem ver. Não acreditava no que estava acontecendo. Seu nariz respirava cada vez mais rápido, devido à emoção.
- É... é...
Sami coloca seu dedo sobre a boca dela, delicadamente.
- É, sim. O Sonho da Estrada.
- Mas isso é impossível.
- E mesmo assim você está aqui.

Mais que uma cama macia

Um hotel é um lugar fantástico. São tantas pessoas, de tantos lestes diferentes, num único lugar. Cada pessoa tem um passado por trás de si. Cada pessoa tem um futuro único. Mas por algum motivo, a trajetória pela vida dessas pessoas se une em um ponto. Essas pessoas que trocam olhares por alguns dias no café da manhã provavelmente nunca mais se verão.
Um hotel é algo que marca, mesmo sendo apenas um detalhe. Ninguém viaja para outro país para ficar o tempo todo dentro do hotel. O quarto de hotel é onde você descansa, e se prepara para o próximo dia. Sem uma boa noite de sono, o dia, por mais incrível que seja, apenas passa.
Cada hotel tem um toque diferente. Chique, grande, tranquilo, desleixado, apertado. Para uma criança, o hotel é uma aventura. Cada corredor desconhecido, cada andar diferente. Cada escadaria é uma aventura.
Em cada viagem que você faça na vida, e impossível não se lembrar de pelo menos uma coisa que aconteceu dentro do hotel. Eu já fiquei em um hotel que tinha vista para o mar e golfinhos nas paredes. Já fiquei em um hotel que tinha uma piscina do lado de uma varanda gelada e um terraço com vista da cidade. Já fiquei num hotel pequeno que não era muito mais que uma dúzia de chalés, e já fiquei num hotel gigantesco o restaurante ficava na praia.
Eu sou um apaixonado por hotéis. Quanto mais eu viajar, em mais hotéis eu vou ficar. E não quero me esquecer de nenhum deles.

Terça-feira Tediosa

Trovoava. Tiago, 13, tossiu. Tinha tarefa: TRÊS trabalhos. Temas? Trombas-d'água, tupis-guaranis, tétano. Tinha tédio. Titubeou: trabalhar? Tsc, tsc. Telefonar trotes. Trouxe telefone, teclou: três três treze trezentos três. Tocou, tocou, tocou...
Túlio, 30, tomava terebintina, tranquilo. Telefone tocou. Teimoso, tateou. Tocou tafetá, tapete, tábua, tarântula... Tarântula!? Temia tal troço tenebroso. Transtornado, tacou tênis. Tirou. Tarântula torcida, transfixada, trêmula. Tragédia? Talvez.
Tiago tentou trocar. Três trinta três, treze trinta. Tocou, tocou, tocou...
Tamires, "teen", tocava trombone. Tinha talento! Trajava tomara-que-caia tingido, tanga tijolo, tiara turquesa, tamanco. Tentara tuba, teclado, tímpano: terrível. Tocava trombone! Tinha
trofeus, transmitia tonalidades transcedentais.
Tarsila, tia, trazia telefone tocando.
-"Thanks", tia. Tamires Turino, tagalere.
-Tamires? Tem tempo? - Tiago tramava.
-Tenho...
-"Tão tá". Tu tens tomate?
Tomate? Tinha, Tamires tinha tomate.
-Tenho - Tamires tolerava tolos.
-Tens também tangerina?
-Tenho, trapalhão.
- Tens trigo? Torrada? Tapioca?
- Talvez tenha.
- Tens tudo!?
-Tá, tenho.
-Tens também trote.
Tamires tinha temperamento tranquilo. Triunfou tal transgressão. Tirou
tiara, trovejou:
-Telefonema tapado.

Dentro


Sociedade. A sociedade é para as pessoas o que um mordomo é para os livros de mistério. Um monte de gente que não sabem realmente o qual é a causa de cada mal que lhes aflige. Não têm conhecimento, interesse ou coragem de apontar o dedo e dizer é você. Você é o culpado do mal. Têm preguiça de pegar a pá e cavar em busca da raíz. Afinal, é muito mais fácil culpar aquilo que todos culpam, aquilo que ninguém sabe realmente o que é. Sociedade. Um conjunto de pessoas reclamando dos problemas que um conjunto de pessoas faz. A roupa suja não se limpa sozinha.


Sociedade. Um monstro de sete cabeças, que pode ser estudado, mas nunca compreendido. De cada ângulo que você olha, uma coisa. Um problema daqui, uma vantagem de lá. A sociedade é como a verdade, ninguém sabe o que ela é.

Pela janela do quarto, tudo enquadrado

"Bom dia", digo automaticamente ao porteiro. "Bom dia, meu caro homem", responde, tão mecanicamente quanto eu, com apenas um sorriso amarelo de diferença.
Chamo o elevador. A porta abre, e o ascessorista sem rosto me eleva até o nono andar. Tiro o casaco e me jogo no sofá. Oito e trinta e sete no meu celular. Desligo a televisão após uma rápida sapeada pelos inúmeros canais, casa qual com seu apresentador de botox no rosto e um vazio no peito. De cada cinco canais, seis estavam nos comerciais: dois de cerveja, três de carro e outros dois de pasta de dente. O rádio é ligado. pelo menos não toca funk no rádio, mas o rap é um lixo quase igual. Desliso os dedos pela prateleira e escolho um CD de Milton Nascimento.
Pego a câmera digital e a penduro no pescoço. Destranco a janela, e a escancaro. Nem sei porque eu sempre a tranco. Quase nunca chove, não há real necessidade dela ficar fechada. Mas dia após dia eu a fecho e passo a chave, só para poder abri-la no outro, e sentir a baforada de ar quente de fora do prédio para dentro da minha sala, passando pelo meu rosto. Escancaro a janela para ver cada vez de novo o rosto das já conhecidas e velhas amigas montanhas, de uma vez. Apago as luzes do apartamento, e apagaria também as da ruas, para melhor ver as estrelas, tão imutável companhia. Fito cada uma delas com paciência e calma, me perguntando se mais alguém está olhando para ela junto comigo. Minha imaginação vagueia.

Pouso os olhos num distante navio. Mal consigo ver as ondas se quebrando na praia, mas vejo o navio, que é tocado pelas mesmas ondas que as dezenas de turistas. "Eles não vão para casa nunca? Não sabem que horas são?"

Uma andorinha mergulha na minha frente e me tira do transe, levando minha atenção aos turistas na rua. Outras dezenas de visitantes, tirando fotografias de tudo. Assim como as singelas estrelas, eles nem imaginam que estão sendo observados.

Tiro uma foto da Lua e vou dormir.

Fé e razão

Qual a relação entre fé e razão?


Fé e razão não são água e óleo. Podem até brigar de vez em quando, mas no final do dia vão dormir de mãos dadas.


Fé e razão não são motivo para discussão. Fé e razão, juntas, não são mais que uma faceta pouco interessante do indivíduo. Separadas, cada qual é interessantíssima. Cada uma afeta a vida do cidadão por um caminho diferente. Conhecimento, moral, sabedoria, verdade.


Qual é o sentido da vida? Se o seu objetivo nessa Terra for liberdade, poder fazer tudo o que quiser quando bem entender, nenhum desses dois caminhos te levará a ela. A fé te dirá o que não fazer, a razão te dirá por que não fazer. O resultado é o mesmo: você não fará o que vai te fazer mal.


O objetivo máximo na vida é a felicidade. E saber que a felicidade é saber respeitar os limites. Em questão de certo e errado, a fé é a voz da razão. Para chegar a uma conclusão por meio da lógica, você precisa ter alguma experiência a priori. Ou seja, você tem que se ferrar uma vez para não se ferrar mais. A fé te dá uma mãozinha: “cara, não faz isso que você vai se ferrar”.


Tanto fé quanto razão tem um objetivo em comum. Ambas querem descobrir a verdade por trás das coisas, o sentido e a razão de tudo, a resposta para a vida, o universo e tudo mais. Cada uma tem um método diferente. Mas não importa se você acredita que o universo foi criado em 7 dias ou surgiu em uma explosão; se o homem foi criado do barro ou a capacidade neural que temos surgiu através de milênios de mutações. O simples fato de você acreditar em um ou em outro não faz diferença. O que faz diferença é como isso vai afetar a sua vida.


Não é porque um livro te diz que tal coisa é certa ou tal coisa errada que você tem que acreditar piamente nela. Seja esse livro um texto argumentativo da internet ou a Bíblia, é preciso entender que aquilo foi escrito por alguém, para alguém, e por algum motivo. Não é porque as fábulas de Esopo não aconteceram de verdade que elas não podem mudar a vida de alguém. Uma lição de moral pode vir de um livro, um filme ou de uma música.


O mais importante é saber que o jeito de enxergar as coisas muda. Dinossauros não são dragões, a Terra não é o centro do Universo, ratos não brotam de camisas suadas. O que hoje é certo pode ser completamente errado amanhã. Por isso, não vale a pena discutir algumas coisas. Mais vale uma pessoa com um sorriso no rosto do que duas numa discussão.

96 páginas ou 300 giga bytes

O ser humano nasce como um caderno, completamente em branco, ou como um computador, já com o sistema operacional?



Dizem que se o cérebro humano fosse simples o suficiente a ponto de ser entendido, nós seríamos burros demais para poder entendê-lo. Mas mesmo assim, a curiosidade nos impulsiona, nos leva a fazer inúmeras perguntas, mesmo que algumas não tenham resposta.


De onde vem o talento? Como surge a personalidade? Os gostos, as vontades, o QI? Einstein nasceu gênio? Qualquer um pode ganhar o Nobel, ou o Oscar? Um enxadrista pode pintar um quadro, ou um jogador de futebol pode escrever um livro?


Não dá realmente para saber o que faz com que uma pessoa seja diferente da outra. Se as pessoas forem cadernos em branco, o que faz a diferença são as suas experiências. Um caderno vazio pode se transformar em qualquer coisa: um diário, um rascunho para um livro, um caderno de Física ou de Biologia. Cada página em branco tem mil desenhos dentro dela, que só precisam de um pouco de tinta (e um olhar criativo) para se tornarem realidade. Se as pessoas forem cadernos em branco, o que determina o caminho que elas vão seguir são as coisas e pessoas ao redor dela. Uma criança não aprenderia a fazer escolhas se alguém não ensinasse isso para ela.


Todos os computadores saem da fábrica iguais. Um mesmo sistema operacional, que permite que você rode uma série de programas. Mas a partir daí, é o usuário que controla o destino da máquina. Enquanto alguns se contentam com usar o Paint, outros querem o Photoshop. Os escritores usam o Word, os matemáticos usam o Excel, os empresários usam o Power Point. É claro que você pode baixar mais programas – você não pode querer passar a vida inteira sem evoluir – mas eles dependem do sistema básico.


Eu acho que cada um nasce com o seu punhado de sementes. Cada semente é uma coisa: saber dar conselhos, ter talento para trocar algum instrumento, manjar de matemática, ter boa memória, jogar futebol, praticar artes marciais, ler, escrever, desenhar. Essas sementes, essas possibilidades, são parte de quem nós somos. O que fazemos delas é o que define quem vamos ser. Ao longo da vida, essas sementes germinam, e vão gerando cada vez mais frutos. Mas não geram frutos se não estivermos lá para regá-las, adubá-las, protegê-las das pragas.


Todos podem ser poetas. Não é difícil achar duas palavras que rimem e montar alguns versos. Todos podem ser fotógrafos. Segurar firme e apertar um botão é tão rude que chega a ser engraçado ser chamado de vocação. Mas o que faz a diferença é a beleza, é a qualidade do produto. Esforço raramente substituí talento, e o talento é inato.


Se você não pode ter o dom que ama, ame o dom que tem. Não desperdice uma bela voz por que você acha que seria mais fácil escondê-la atrás da timidez. Um dom é um presente, que deve ser protegido e incentivado, que tem que ser usado da melhor maneira possível.


Um caderno tem o limite de 96 páginas, o computador tem o limite de 300 giga bytes. Se for para escolher, prefiro ser um computador.


Nem tudo

Mateus Silva Figueiredo
Acordei com um barulho alto. Era cedo, bem cedo. O dia mal havia raiado, e poucos pássaros cantavam lá fora. Corri para o quarto de Lourenço, de onde o barulho parecia ter vindo, para encontrá-lo no meio de livros no chão, almofadas jogadas, a cama desarrumada. Ele estava ofegante.
- O que você está fazendo?
-Nada! - respondeu, gritando – porque nada disso faz a menor diferença!
Peguei dois livros do chão e os recoloquei na estante.
-Como assim, não faz diferença?
-Não faz! Não importa o que eu faça - disse, visivelmente transtornado, falando cada vez mais alto –porque no final vai dar tudo na mesma.
- Deixa de bobeira e me ajuda a arrumar essa bagunça.
- Não! – gritou, arremessando uma almofada que não me acertou por centímetros – Você não entende, não é? Nada disso é real. Nada. Nada...
Ele olhava em volta, parecendo cansado, inconformado, como um animal encurralado, tentando encontrar uma rota de fuga.
-É lógico que é real!
-Não é, não é, não é!
- Deixa de ser bobo.
- Bobo? Bobo? – Ele gritava cada vez mais alto, beirando o pânico, me fitando com os olhos transbordando de fúria, não de mim, mas do mundo. – É, eu acho que eu sou bobo sim. Eu tenho que ser muito bobo pra ter acreditado em todas as mentiras que já me contaram.
- Mentiras? Mentiras que quem contou para você?
- Quem, ora essa, quem. – Lourenço debochava de mim, sem sair do lugar. Naquele local ele estava seguro, dentro de sua bolha de medo. Se se mexesse, suas defesas cairiam. – Todo mundo! Todas as pessoas dessa droga de mundo! Os professores, os vendedores, os parentes, os colegas de trabalho. Todas as pessoas que cruzam a rua sem fazer a menor diferença. Para que elas passam? Quer saber, não responda. Cada resposta é apenas mais uma mentira.
-Lu...
- E a televisão é a pior mentira de todas. Canal depois de canal, cada um com mais mentiras do que o outro. Todas as pessoas da televisão estão lá para mentir para nós. Elas ganham a vida mentindo! Mentindo!
Só então reparei na televisão, que costumava ficar em cima de uma mesa, derrubada no chão, cercada de cacos de vidro. O metal parecia ter sido socado uma ou duas vezes.
-Eu não entendo...
- É lógico que não entende. De todas as pessoas, porque você entenderia? Não responda. Mas você sabe que é verdade. No fundo, você concorda com todas as coisas que eu disse. Você sabe, você sempre soube. Mas a gente esquece. Eles fazem a gente se esquecer da verdade, sufocam-na com mentiras. Eles escondem a única verdade. A única verdade, é que todo o resto é mentira.
- Lu, olha pra mim. – Me aproximei dele, e segurei suas mãos. Os punhos cerrados se soltaram um pouco, mas a cara continuava franzida. Olhei bem em seus olhos, esfregando as mãos com os polegares. – Esqueça todo o resto. Esqueça, por um momento, todas as outras coisas. Você pode fazer isso, por mim?
Ele olhava para mim, com os olhos cansados, e o rosto já um pouco mais calmo. Dessa vez, quem não entendia era ele.
- Posso – disse, depois de um tempo.
- Feche os olhos.
- Tudo bem.
- Você sente as minhas mãos?
- Que tipo de pergunta é essa?
- Feche os olhos. Apenas responda. Você sente as minhas mãos, nesse exato momento?
- Sim, é claro.
- Você consegue – dizia calmamente – ouvir a minha voz? Esqueça o barulho dos carros na rua, esqueça os pássaros cantando. Você consegue ouvir a minha voz?
- Sim, eu consigo.
Coloquei a mão direita dele em meu peito, sobre o coração.
- Você consegue sentir as batidas do meu coração?
- Sim.
Ele estava bem mais calmo. Me aproximei dele e dei um beijo em sua boca.
- E isso, você sentiu?
- Sim.
- Abra os olhos.
Abriu os olhos devagar, com o olhar de um soldado depois de um longo dia de batalha, feliz com o descanso. Estavam meio molhados.
- Escute. Não importa se não for verdade. Não importa se o mundo for feito de mentiras mal contadas. Não faz diferença se o jornal traz notícias boas ou ruins, se os pássaros cantam ou não, se os professores só mandam a gente decorar mentiras. Eu estou aqui, e você está aqui. Eu te amo, e é só isso que importa. Tá bom?
Ele ficou um ou dois minutos em silêncio, só olhando para mim.
- Eu também te amo.
- Agora o que você me diz de arrumar essa bagunça?
Depois de duas ou três guerras de travesseiro, o quarto estava como antes, com exceção à televisão. Nós dois concordamos que a gente estava precisando ler mais.

Perfeito faremos direito o nó


Uma horinha apertado no ônibus, compatilhando o corredor com mochilas e caixas de patrulha, cantando músicas bobinhas, a maioria desconhecida para mim. O ônibus para. Uma porteira com três faixas coloridas marcam a entrada.


É sempre incrível chegar num lugar novo. Dá vontade de simplesmente sair correndo, sentir o vento na cara e os cheiros do lugar. Ir correndo, sem olhar para trás, sem se importar se os outros olham para você com desaprovação ou correm atrás. Infelizmente, a caixa de patrulha não deixou eu realmente sair correndo de uma vez. Não faz mal. Empilhamos as mochilas num canto, e eu não paro de olhar para os lados, ouvindo o som da correnteza ao longe.


Eu estou no meio do nada, me lembro de ter pensado. Todos os meus colegas estão em casam provavelmente dormindo, e eu aqui no meio do nada. Chega a ser engraçado. Acordei às 6 horas num feriado, pra ficar uma hora apertado em um ônibus e vir parar no meio do nada. Mas aí eu percebi que aquilo não era o meio do nada. Aquilo era o meu tudo. As montanhas, o céu azul, as árvores, a grama plana e uniforme. É assim que devia ser. A cidade é desnecessária. Isso aqui é que é real. O seu meio do nada é o meu centro de tudo. Cara, esses três dias vão ser perfeitos.


O primeiro dia foi de trabalho cansativo. Um trabalho que a maioria das pessoas passaria a vida sem saber que era cabível fazer: construir os banheiros. Duas escavadeiras, uma para a latrina e uma para cavar os buracos dos bambus; um esqueminha de onde colocar os bambus, sisal e toldo para as paredes. O resto, a gente tinha que se virar. "Sênior tem que ralar", foi o que me disseram. Bom, pode até ter demorado, mas até o fim do dia os dois estavam prontos. E quando a gente finalmente achou que ia ter um descanso, fomos montar as barracas.


Acabamos de montar as barracas, já tinha anoitecido e eu não tinha tomado banho. Se lavar num chuveiro improvisado com água de mina no frio já é complicado, ainda mais se tá de noite e vc tem que ficar procurando o sabonete no barro toda vez que você deixa ele cair. Mas no segundo dia eu já tava esperto: tomar banho bem antes do sol se por.


Eu passo pela ponte perto da escola, e nunca deixo de olhar para o horizonte. Cada dia o pôr do sol está mais bonito. Mas eu nunca imaginava que aquele rio barrento poderia me trazer tanta diversão, até o acampamento nos Freires. Só de ver a correnteza leve já era uma delícia, subir o rio foi ainda melhor. Foi difícil, sim, e complicado. Ficamos um bom tempo parados tentando descobrir como avançar (ainda bem que levamos a corda). Depois, um treinamento de orientação em cima de uma pedra. Tivemos que falar alto por causa do barulho da correnteza, mas deu para entender bem. Voltamos encharcados.


No terceiro dia, montamos o campo ao redor das barracas. De novo, nada além de vagas instruções do chefe, bambus que havíamos cortado no dia anterior, uma escavadeira (a outra tinha quebrado), um facão, uma marreta e bastante sisal. Depois de firmados os bambus, passamos sisal por eles (fazendo um X para ficar mais original), erguemos o portal (bem simples também) e a bandeira do ramo sênior (sem a flor de lís, só um pano roxo mesmo). O triste foi no final do dia, quando tivemos que, em 10 minutos, desmontar o que levamos algumas horas para concluir.


Os dias foram cansativos, e se você pensa que à noite nós dormimos cedo para uma boa noite de sono, não poderia estar mais enganado. Primeiro, porque seria impossível ir dormir sem dar uma boa olhada no céu estrelado e todo o firmamento sorrindo para você. No primeiro dia eu vi duas estrelas cadentes e um satélite, e no segundo, um outro satélite.


Mais tarde, depois da janta, fomos para uma caminhada noturna. Um pequeno trecho da estrada de terra, e depois entre dois pastos, até que nós chegamos numa ponte. Uma ponte que mal dava para uma pessoa, feita de cabo de aço e duas tábuas para pisar, uma do lado da outra. Até aí tudo bem, até a parte em que não tinha tábua de um lado e a ponte virava quase 45º - e o melhor: os chefes nunca tinham passado por ela antes. A primeira vez era aquela, de noite. Depois de atravessado o rio, subimos uma montanha para localizar o cruzeiro do Sul e passarmos o significado do nome (ele sempre fica no sul) para o resto da seção.


No último dia, entramos na água gelada. Alguns ficaram na hidromassagem natural criada pelas pedras, outros fizeram um castelo de areia numa ilhazinha no meio do rio. Uma lobinha pegou umas pedras verdes, bonitas, e outro lobinho foi enterrado na praia. Eu preferi ficar boiando, sendo levado pela correnteza, e depois repetir o processo. Mais tarde, saímos na margem do rio, e eu sozinho enchi um saco de lixo com garrafas PET, inseticidas, garrafas de óleo, arames, isopores e outras tralhas.


O Fogo de Conselho foi perfeito. Depois as esquetes, a canção da despedida. Não sabia cantar, mas deu para entender o espírito. Eu acho que sabia que não seria mais o mesmo depois daquele acampamento.


No último dia, corremos sem precisar. Mal acordamos, já fomos arrumar as mochilas, desmontar as barracas, derrubar os banheiros, tampar as latrinas e recolher os toldos (que quase não couberam na caixa de patrulha). O ônibus demorou, mas antes ele estar atrasado e termos que esperar uns 20 minutos do que adiantado e termos que esperar algumas horas até o próximo. A volta também foi recheada de músicas, dessa vez eu já conhecia algumas.


Não sei se existe esse termo, mas eu acho que no dia da volta - a Páscoa - eu devo ter ficado com um pouco de DPA - Depressão Pós-Acampamento - mas passou logo. Se o acampamento foi bom, voltar para a casa para a família foi tão bom quanto.


Pra que perder a esperança, se há tanto querer?
Bem cedo junto ao fogo tornaremos a nos ver.

Que Ana? Que onda?

A proposta dessa redação de Filosofia era "O ser humano é como uma onda no mar?"

Mateus Silva Figueiredo

Cada pessoa que olha para o mar vê uma coisa. Alguns vêem o oceano, alguns vêem a praia, alguns vêem os pássaros e outros vêem os peixes. Alguns vêem conchas para colecionar, outros vêem fotos para tirar. Enquanto uns vêem as ondas para surfar e se divertir, outros vêem a maré para pescar e ganhar a vida.

O mesmo mar que encanta é o mar que destrói. O mar diverte, o mar relaxa, o mar hipnotiza, mas ele não deixa de ser o mesmo mar que aterroriza e que causa devastação. O mar afoga os mais descuidados, destrói os castelos de areia mais próximos da água, derruba diques e dizima cidades. A mesma onda que faz cócegas nos pés descalços do casal de namoradas pode ter feito alguém passar mal em alto mar e vomitar.

As pessoas também são assim, ambíguas. Todas as pessoas têm um lado obscuro, um passado que gostariam de esconder. Todos nós erramos, todos nós mentimos, todos nós fazemos escolhas ruins, e muitas vezes nos arrependemos logo depois. Cada pessoa é a coisa mais importante para si mesmo, mas não é quase nada para todas as outras. Você cruza com milhares de pessoas na rua, mas raramente olha duas vezes para qualquer uma delas. Cada uma é única, especial, diferente de todas as outras. Mas, no meio de tantos indivíduos, ficam todos iguais. Você se mistura na multidão e se torna apenas mais um.

Qual é a diferença entre uma onda e outra? São tantas mil no oceano, porque alguma delas deveria ser especial? Se você olha de cima, nenhuma faz diferença. Mas se você é o menino que estava brincando na água, aquela onda importa. Adrenalina, desequilíbrio, susto, medo, e depois o riso. Aquela onda causou diversão em você. Se você é o caranguejo que passeava na praia, aquela onda importa, e se você é o albatroz que ia mergulhar e devorar aquele caranguejo, aquela onda importa. Aquela onda foi, ao mesmo tempo, a salvação de um e o empecilho de outro.

Do mesmo jeito, se você olhar de cima, poucas das quase 7 bilhões de pessoas realmente importa. Mas se você é o amigo que sai todos os dias para se divertir, ou se você é o colega que faz brincadeiras maldosas, você faz a diferença. Se você é o cachorro que recebe carinho de alguém, esse alguém é importante, e se você é a árvore que foi plantada por alguém, esse alguém é importante. Mas se você mora do outro lado do mundo, ou mesmo se você cruza na rua com essa pessoa e nem sorri na direção dela, você não faz diferença.

As ondas surgem em alto mar, forjadas com o sopro de uma tempestade, e caminham em sua rota em direção a praia. As pessoas nascem, sejam elas fruto de um casamento amoroso, de uma imprudência adolescente ou de uma solteirona de quarenta anos. As ondas ganham dimensão, ficando cada vez maiores, e consequentemente, mais poderosas. As pessoas crescem, vão ficando mais sábias, mais ricas, e também mais velhas. As ondas, já tão grandes quanto poderiam ficar, chegam finalmente à praia; quebram no litoral e cumprem então finalmente o seu destino, o motivo da sua existência. As pessoas, já tão ricas e sábias quanto poderiam ficar, chegam finalmente ao fim de suas vidas, deixando suas riquezas acumuladas para seus herdeiros, e sem saber verdadeiramente se aproveitaram realmente a vida como deveriam.

Censura

Até onde vai o direito de censurar? Porque motivo é proibido entrar no Orkut e acessar o Twitter mas jogar Tetris e ver vídeos pode? É alguma tentiva de evitar a comunicação? Se eu continuar reclamando, será que vão me banir do Laboratório de Informática e deletar meu usuário? Eu espero que não.
Confiro a Wikipédia. "Censura é o uso pelo estado ou grupo de poder, no sentido de controlar e impedir a liberdade de expressão." Então sim, é uma tentativa de impedir a comunicação.
"A censura pode ser explícita, no caso de estar prevista na lei, proibindo a informação de ser publicada ou acessível" Bom, que eu saiba, não tem nenhuma regra sobre quais sites podem ser acessados. Se tiver, queria saber.
Bom, é verdade que o Laboratório em teoria deveria ser utilizado apenas para tarefas e pesquisas escolares, e às vezes os que realmente vão fazer o trabalho acabam sem espaço, pois os que brincam ocupam todos os computadores, e são raras as vezes em que os que jogam cedem lugar para os que trabalharão. E porque é que o plano de fundo às vezes pode ser alterado, às vezes não? E porque eu não crio coragem e pergunto? Será que me responderiam ou me tratariam como criança? As imagens impróprias deveriam ser apagadas e o usuário proibido de mudar o plano de fundo, mas deve-se punir todos pelo erro de um?
E qual é a diferença entre baixar um jpeg e um exe? Porque o segundo é proibido e o primeiro é livre? Se eu quiser jogar xadrez pela escola, tenho que pedir autorização para usar o programa recomendado pelo professor. Que complicação. Agora, se o executável vier de uma pen drive ou CD, não há nenhuma defesa. É sim complicado.
E porque esses ícones indesejáveis continuam no meu desktop? Não vou usar o Adobe Reader 9, o AVG Free 8.5 nem o QuickTime Player, e o assistente de limpeza de ícones é inútil contra eles. Minha única saída é jogar todos para o canto direito da tela e parar de estressar com eles. Mando o Internet Explorer para a tela, Bloco de Notas, Paint, Calculadora e o Office que eu for usar.
Espero que semestre que vem a página inicial de todos os computadores seja a da escola, para ficar mais bonito.

Wikipédia

Um blog. Criar um blog. Vontade existe. Mas, sobre o que? Qual seria o nome? Sem criatividade, recorri a Wikipédia, a enciclopédia livre. Sim, aquele site que sempre aparece na primeira página do Google, de onde muitos já tiraram um Crtl+C descarado e entregaram na escola como pesquisa. Outros, que realmente leram o artigo, resumiram, reescreveram e até confirmaram a pesquisa em outros sites. A Wikipédia pode sim proporcionar diversão. Os de mente fraca podem se divertir com ela apenas vandalizando-a, clicando em editar e apagando tudo ou escrevendo alguma bobagem. Outros, que percebem a grandeza dessa mídia podem se divertir desfazendo essas vandalizações, melhorando a qualidade de um artigo, descobrindo mais sobre assuntos da sua preferência, descobrindo mais sobre coisas desconhecidas até então, tirando dúvidas e muito mais.

A Página Principal sempre traz um artigo qualquer resumido, os acontecimentos recentes, uma bela foto destacada do dia, algumas curiosidades sobre a data e curiosidades em geral. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito foi construída com a técnica da taipa de pilão, é uma técnica que o barro é compactado horizontalmente com a ajuda de formas e pilões, que é uma ferramenta normalmente utilizada para moer alimentos, mas é um presente comum de casamento em Moçambique, país africano. Cinco cliques e um mínimo de leitura. Mas, e daí? Quem liga para as tradições de Moçambique? Ora, conhecimento é conhecimento, a arma mais poderosa do mundo. Um dia alguma coisa aprendida online poderá servir. Talvez para incrementar aquela redação, para falar difícil e impressionar, ou apenas como um hobbie para passar o tempo. De volta à Página Principal, posso ver detalhes sobre os acontecimentos em Gaza, mas prefiro uma belíssima flor para enfeitar minha área de trabalho. É uma corriola infestada de ácaros, pequenos aracnídeos. E olha só, esse quinto dia do ano é o aniversário de 69 anos da primeira demonstração de Rádio FM nos Estados Unidos e aniversário de 77 anos de Umberto Eco, que publicou um romance chamado “Il pendolo di Foucault”, O Pêndulo de Foucault.





Um clique e descubro que aquele episódio de Jimmy Neutron, O Fantasma da Retrolândia, realmente faz sentido e o pêndulo que derruba os dominós pode realmente ser construído. E puxa, antes de Top Spin 3 no Wii, Sega Superstars Tennis no Play Station 3, Smash Court Tennis 3 no Xbox 360, Top Spin 2 no Nintendo DS, Virtua Tennis 3 no PlayStation Portable, Mario Tennis: Power Tour no Game Boy Advance, Smash Court Tennis Pro Tournament 2 no PlayStation 2, Mario Power Tennis no Game Cube, Top Spin no Xbox, Virtua Tennis 2 no Dreamcast, Mario Tennis no Nintendo 64, Snoopy Tennis no Game Boy Color, Mario's Tennis no Virtual Boy, e até Pong para Arcade, o primeiro jogo de tênis foi o Tênis para dois, o primeiro videogame do mundo, criado em 1958.

Uma ferramenta legal do Wikipédia é o Artigo Aleatório, que te leva a um artigo qualquer, como Ozônio, molécula composta por três átomos de oxigênio; Enciso, município da Espanha com 171 habitantes; Hirundo aethiopica, uma espécie de ave encontrada em Benin, Camarões, Chade, Congo, Etiópia, Níger e Sudão entre outros; Evening Standard, um tablóide (jornal que publica notícias condensadas) inglês sobre Londres e seus arredores; Navardún, outro município da Espanha, este com 44 habitantes; Ditmar Koel, comandante naval hamburguês que combateu a pirataria e morreu com 63 anos; Daniela Silivaş, ex-ginasta romena que tem três medalhas de ouro olímpicas.

Os artigos da Wikipédia, como esse post, são hipertextos. Você pode clicar em uma palavra azul sublinhada e já ir direto para o artigo sobre o assunto (Ok, acabei de definir link). A Wikipédia lusófona, em Português, não é completa, por isso alguns dos links acima levam aos artigos em da Wikipédia anglófona, em Inglês, que é, de certa forma, mais completa.

As cotas e a ampla concorrência na UFV

Em agosto de 2012 foi sancionada a Lei 12.711, conhecida popularmente como Lei das Cotas. A partir de então, todas as universidades federai...