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O Ovo


Escrito por Andy Weir
Traduzido por Carlos Buosi, com pequenas adaptações minhas

Você estava a caminho de casa quando morreu.
Foi em um acidente de carro. Nada muito chamativo, mas infelizmente fatal. Você deixou sua esposa e duas crianças. Foi uma morte sem dor. Os paramédicos tentaram de tudo para te salvar, mas em vão. Seu corpo foi completamente destruído, você já esteve melhor, pode acreditar.
E foi aí que você me conheceu.
"O que-... o que aconteceu?" Você perguntou. "Onde estou?"
"Você morreu," eu disse, com naturalidade. Não fazia sentido conter as palavras.
"Havia um caminhão... e ele derrapou.."
"Isso mesmo," eu disse.
"Eu... Eu morri?"
"É. Mas não se sinta mal. Todo mundo morre," Eu disse.
Você olhou em volta. Não havia nada. Só eu e você. "Que lugar é esse?" Você perguntou. "Isso é o paraíso?"
"Mais ou menos," eu disse.
"Você é Deus?" Você perguntou.
"É isso ai," Respondi. "Eu sou Deus."
"Meus filhos... minha mulher," você disse.
"O que tem eles?"
"Eles ficarão bem?"
"É isso que eu gosto de ver," eu disse. "Você acabou de morrer e sua maior preocupação é a sua família. Isso é mesmo uma coisa boa."
Você olhou pra mim com um certo fascínio. Pra você, eu não parecia com Deus. Eu aparentava ser um homem qualquer. Ou uma mulher. Uma figura autoritária meio vaga, talvez. Mais como um professor de português do que o Todo Poderoso.

Que Ana? Que onda?

A proposta dessa redação de Filosofia era "O ser humano é como uma onda no mar?"

Mateus Silva Figueiredo

Cada pessoa que olha para o mar vê uma coisa. Alguns vêem o oceano, alguns vêem a praia, alguns vêem os pássaros e outros vêem os peixes. Alguns vêem conchas para colecionar, outros vêem fotos para tirar. Enquanto uns vêem as ondas para surfar e se divertir, outros vêem a maré para pescar e ganhar a vida.

O mesmo mar que encanta é o mar que destrói. O mar diverte, o mar relaxa, o mar hipnotiza, mas ele não deixa de ser o mesmo mar que aterroriza e que causa devastação. O mar afoga os mais descuidados, destrói os castelos de areia mais próximos da água, derruba diques e dizima cidades. A mesma onda que faz cócegas nos pés descalços do casal de namoradas pode ter feito alguém passar mal em alto mar e vomitar.

As pessoas também são assim, ambíguas. Todas as pessoas têm um lado obscuro, um passado que gostariam de esconder. Todos nós erramos, todos nós mentimos, todos nós fazemos escolhas ruins, e muitas vezes nos arrependemos logo depois. Cada pessoa é a coisa mais importante para si mesmo, mas não é quase nada para todas as outras. Você cruza com milhares de pessoas na rua, mas raramente olha duas vezes para qualquer uma delas. Cada uma é única, especial, diferente de todas as outras. Mas, no meio de tantos indivíduos, ficam todos iguais. Você se mistura na multidão e se torna apenas mais um.

Qual é a diferença entre uma onda e outra? São tantas mil no oceano, porque alguma delas deveria ser especial? Se você olha de cima, nenhuma faz diferença. Mas se você é o menino que estava brincando na água, aquela onda importa. Adrenalina, desequilíbrio, susto, medo, e depois o riso. Aquela onda causou diversão em você. Se você é o caranguejo que passeava na praia, aquela onda importa, e se você é o albatroz que ia mergulhar e devorar aquele caranguejo, aquela onda importa. Aquela onda foi, ao mesmo tempo, a salvação de um e o empecilho de outro.

Do mesmo jeito, se você olhar de cima, poucas das quase 7 bilhões de pessoas realmente importa. Mas se você é o amigo que sai todos os dias para se divertir, ou se você é o colega que faz brincadeiras maldosas, você faz a diferença. Se você é o cachorro que recebe carinho de alguém, esse alguém é importante, e se você é a árvore que foi plantada por alguém, esse alguém é importante. Mas se você mora do outro lado do mundo, ou mesmo se você cruza na rua com essa pessoa e nem sorri na direção dela, você não faz diferença.

As ondas surgem em alto mar, forjadas com o sopro de uma tempestade, e caminham em sua rota em direção a praia. As pessoas nascem, sejam elas fruto de um casamento amoroso, de uma imprudência adolescente ou de uma solteirona de quarenta anos. As ondas ganham dimensão, ficando cada vez maiores, e consequentemente, mais poderosas. As pessoas crescem, vão ficando mais sábias, mais ricas, e também mais velhas. As ondas, já tão grandes quanto poderiam ficar, chegam finalmente à praia; quebram no litoral e cumprem então finalmente o seu destino, o motivo da sua existência. As pessoas, já tão ricas e sábias quanto poderiam ficar, chegam finalmente ao fim de suas vidas, deixando suas riquezas acumuladas para seus herdeiros, e sem saber verdadeiramente se aproveitaram realmente a vida como deveriam.

As cotas e a ampla concorrência na UFV

Em agosto de 2012 foi sancionada a Lei 12.711, conhecida popularmente como Lei das Cotas. A partir de então, todas as universidades federai...